quarta-feira, 22 de abril de 2009


MEU PRIMEIRO ENCONTRO
OLHA O FRIOZINHO NA BARRIGA!

Nosso encontro aconteceu na Escola Martins Júnior, a escola que leciono.
Minha turma foi um presente de Deus. Amei todos, comecei me apresentando, falando um pouco do GESTAR II e pedindo depois para que os mesmos se apresentassem pontuando três marcos profissionais. Alguns se viram na fala do outro e foi um momento de muito aconchego.
Depois, de todos se apresentarem eu retomei a fala, pedindo desculpas por não estar naquela circunstância com os TP’s, pois houve um problema na GRE daqui, mas mesmo assim, dei continuidade ao meu trabalho.
Como havíamos planejado uma coisa e de última hora, surgiu outra, refiz à aula um dia antes. Já que o TP's falam sobre gêneros e tipos textuais, comecei com um dos gêneros textuais: o slogan.
Apresentei o meu slogan: “Myriam, aquela que veio para trocar e construir”. Discutimos sobre o conceito de slogan, quem são os interlocutores deste tipo de texto, em que meio circulam as diferentes mídias...
Destacando, temos uma colega Denise Teixeira que terminou o mestrado em Análises Lingüísticas, a orientadora dela foi Elizabeth Marcuschi, (a mulher do grande Linguista). Contribuirá bastante nos nossos encontros.
Em seguida, pedi para cada um se apresentar através de um slogan. Logo que todos se apresentaram (vale ressaltar que slogan tinha de ter características dos mesmos) pedi para que os mesmos anotassem num papel. Em um momento posterior, dei uma lista de 30 slogans para que eles identificassem o produto. Discutimos as respostas. Alguns acertaram mais, outros menos, e sem querer estávamos percebendo uma das finalidades do slogan: a interatividade através da memorização.
Pausa para o intervalo, um lanche básico e com sabor de muito carinho, feito pelas minhas colegas da cozinha: Morena e Rosa.
No segundo momento houve uma reflexão e discussão do texto “Gaiolas e asas” de Rubem Alves. Se deixar... Tem alguns colegas como Paulo e Tony que não deixam ninguém mais falar! Que prazer estes momentos nos dão! Teve à fala da colega Luciene Viana que foi muito pertinente quando em um dos momentos de reflexão sobre o texto disse: “Imagine você ( professor) querer ser pássaro dentro de uma escola que é uma gaiola.”
Dividimos depois os grupos e entreguei a cada grupo, um objeto sem utilização para o uso comum ,e fiz com que eles dessem a estes objetos uma nova roupagem, nova vida! Solicitei que eles fizessem uma propaganda para o mesmo e utilizassem o slogan de cada membro do grupo. Cada propaganda iria ter uma mídia diferente.
Ao término das apresentações, coloquei uma propaganda da Metal Singer para reflexão, que tinha muito a ver com o que estávamos propondo, até então.
Está sendo GRATIFICANTEEEEE D+!

Lembranças da Alma




MINHAS MEMÓRIAS- LEMBRANÇAS DA ALMA

Era uma vez um tempo em que ter um filho era sinônimo de afeto e carinho. Minha mãe sempre que falava sobre o meu nascimento dizia : “ Deus estava muito inspirado no dia em que você nasceu. A lua cheia fluía uma serenidade no ar iluminando a nossa casa e trazendo para o nosso aconchego mais um rebento de amor”. Esta foi uma das primeiras leituras orais que me marcou.
Como diz Paulo Freire: “ a leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Depois passei eu mesma a fazer as leituras de mundo: dos gestos, dos olhares, das falas, do cheiro do jardim de infância, dos prazeres da adolescência e da responsabilidade da maturidade... Estas atribuições de valor à leitura de mundo e dos livros são uma metáfora de valores construtivos para o meu ser.
Lembro-me da minha primeira professora . Ela se chamava Izabel e ao término daquele ano letivo presenteou-me com um livro “ A pequena princesa”. Até então não decodificava as palavras, mas as imagens.... estas estavam carregadas de emoções, sendo assim, um pretexto para eu criar um novo texto.
Ainda no primário, especificamente na 3ª série, adotaram um livro didático no qual continha duas disciplinas: Português e Matemática e os personagens destes textos eram sempre os mesmos, dois gênios: Razur e Cazur. Eles viviam num lugar mágico onde tudo permanecia em harmonia como as árvores, os pássaros, as pedras... Aliás, não havia pedras no meio do caminho. Aquela natureza me envolvia de uma forma que sempre que podia me transportava para aquele lugar cheio de encantamentos e segredos. Acredito que até hoje sonho com um mundo assim... As palavras... as palavras... Que magia!!!
Na adolescência conheci um professor de Literatura: Tomás Maciel. Suas aulas eram um verdadeiro deleite. Apaixonei-me por ambos... as letras continuaram me perseguindo... e logo, logo, encontrava-me na UFPE fazendo o curso de... Letras. No curso enfrentei um grande desafio, mesmo com a minha timidez fui presidente do Diretório Acadêmico onde comecei a compreender a instituição educacional, fora dela mesma e enxergar a sua dimensão política. No 4º período já comecei a lecionar numa escola privada e assim que terminei o curso fiz o concurso para rede pública. Durante vários anos lecionei nas duas redes, porém há dois anos optei apenas pela escola pública.
Tive perdas incomensuráveis que abalou-me emocionalmente e por conseqüência, profissionalmente. Mas... lembrando Cora Coralina :
“ Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.
Creio na força imanente
que vai gerando a família humana,
numa corrente luminosa
de fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana,
na superação dos erros
e angústias do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher tudo fácil.
Antes acreditar do que duvidar".
E hoje, estou aqui!!! Gritando, lutando, sorrindo, cantando, amando, sofrendo, chorando... mas... vivendo...
Uma das minhas grandes preocupações é o resgate de alguns valores como: respeito mútuo, solidariedade, diálogo, dignidade da pessoa humana... "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Às vezes, sinto-me inconstante diante de tantos desafios que temos de enfrentar hoje na educação. Toda semana quando chego à escola 1 ou 2 alunos são presos. Não posso fazer de conta que isto não está acontecendo! O que fazer então? Recife é uma das cidades mais violentas do Brasil. Desde o ano passado participo de um projeto anti-drogas juntamente com alguns professores que também estão preocupados com esta situação, este projeto tem como título:
” Prevenção do uso de drogas e da violência na escola”, este é o nosso objetivo: resgatar estes lares perdidos... Muito antes de ser uma professora sou uma “sentidora” (para citar Clarice Lispector). Trabalhar com projetos exige tempo e dedicação. O objetivo central de um projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige uma atividade para sua resolução, se não, não há sentido. Para nós que estamos envolvidos com esta causa, nos perguntamos: "Quando teremos uma solução?"
Realizamos palestra com o jornalista da Rede Globo Marjones Pinheiro, teatro com a Patrulha Escolar, questionário diagnóstico... por último o professor Romero Aguiar produziu um filme com alguns alunos e professores da instituição que trata do tema e que tem como título: “Uma história que poderia ser a sua”. Foi convidada a Secretaria de Educação do Estado, a nossa GRE, para a pré-estréia que será no dia 28 de Abril de 2009. Para lembrar, participo do filme.
A questão das drogas nas escolas públicas da rede estadual de PE é uma realidade e estão refletidas nas nossas falas e em nossas preocupações.
Agora estou empenhada com o GESTAR II, onde espero que troquemos muitas idéias e tenhamos momentos de prazer e realizações, para debatermos sobre todos estes problemas, porque só assim, o projeto terá sentido, afinal, assim como a língua e a linguagem serão os nossos principais instrumentos de trabalho e prazer àquela que está em permanente mudança, será a hora de aproveitarmos os momentos de estarmos juntos (professores de língua portuguesa) para fazermos as nossas mudanças também. É o momento de construirmos novos objetivos que estejam atrelados a nossa realidade.
Não desacredito da educação como o maior meio de construir um país melhor, com menos violência e com mais dignidade pelo ser humano.





REGISTRO REFLEXIVO

Participar do GESTAR II tem sido uma experiência ímpar, pois além de termos oportunidade de atualizarmos o nosso conhecimento é também um momento de troca de opiniões e de vivência em sala de aula; e o mais importante: SUGESTÕES para tornarmos nossas aulas mais atrativas e desafiadoras.
Parabenizo a contribuição da professora Izabel Ferreira. Primeiro, como ela soube conduzir o grupo, pois não é fácil está no universo de professores do mesmo estado mas de regiões diferentes. Como diz Maria Antonieta Cunha “a língua não reflete só sobre o mundo, mas reflete também o mundo” e ali estávamos, refletindo a diversidade cultural de cada região. Afinal, através da fala de cada formador percebíamos o que estava ou não sendo feito em sua região em prol da Educação- os projetos de trabalhos que estavam sendo realizados em sala de aula; os problemas enfrentados no que diz respeito à questão do ensino-aprendizagem e por fim, a intervenção deste projeto Gestar II como uma re-significação do nosso trabalho , de modo que possamos estar abertos para os múltiplos desafios em relação a implementação do mesmo. Digo isto porque sou de Recife e fazia anos que não tínhamos algum tipo de capacitação, imagine um projeto no qual envolve várias instâncias.
Segundo, acredito que a professora Izabel deixou muito claro um dos principais dilema do professor de Língua Portuguesa : o trabalho com a gramática textual e reflexiva na qual a Análise lingüística é a ferramenta básica para a leitura, a oralidade e a produção textual.
Terceiro, achei inovadora a forma como a nossa formadora trabalhou com o material didático “ os TPs” objetivando à análise, discussão e reflexão das nossas práticas pedagógicas , sendo enriquecidas com material de áudio e vídeo. Isto foi fundamental para a construção dos trabalhos realizados, pois verificamos o grande crescimento do grupo. E não foi à toa que no último encontro já existia uma comunhão e uma harmonia entre os membros da sala.
Logo, espero ansiosa para o próximo encontro. Observei que preciso aprender bastante, porém estou aberta para esta tarefa e estou buscando reavaliar e redirecionar os meus conhecimentos para melhor desempenhar o papel de “FORMADORA”. Na verdade, não acredito que irei “FORMAR” ninguém, e sim construir com os meus futuros colegas novas práticas e projetos e que estes sejam compensadores e agradáveis para avançarmos na conquista efetiva da eqüidade em EDUCAÇÃO.


Izabel, parabéns pelo seu trabalho!!!!
Um grande abraço e até à próxima.
Myriam Tereza

“Dizer que somos seres falantes significa dizer que temos e somos linguagem, que ela é uma criação humana (uma instituição sociocultural), ao mesmo tempo que nos cria como humanos (seres sociais e culturais). A linguagem é nossa via de acesso ao mundo e ao pensamento(....). Ter experiência da linguagem é ter uma experiência espantosa: emitimos e ouvimos sons, escrevemos e lemos letras, mas, sem que saibamos como, experimentamos sentidos, significados, significações, emoções, desejos, idéias.”
Marilena Chauí.